segunda-feira, 16 de maio de 2016

Andrade Gutierrez recebeu ao menos R$ 1,7 bilhão do Amazonas, desde 2005

Desde 2005, a Construtora Andrade Gutierrez recebeu, pelo menos, R$ 1,796 bilhão do Governo do Amazonas para a realização de obras no Estado, segundo dados do Portal da Transparência do Governo do Amazonas e de acordo com o Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Em 2013, ano em que a Arena da Amazônia estava em construção, foi registrado o maior volume de pagamentos, totalizando R$ 522 milhões em valores repassados à construtora. Na época, o governador era ao atual senador Omar Aziz (PSD).
No sábado (14), uma reportagem veiculada pelo Jornal Hoje, da Rede Globo, divulgou que ex-executivos da Andrade Gutierrez, investigados na operação ‘Lava Jato’, revelaram, durante a delação premiada, terem pago propina aos ex-governadores do Amazonas Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz, que, atualmente, são senadores pelo Estado, para vencer a licitação das obras da Arena da Amazônia. Os delatores revelaram pagamento de até 10% sobre o valor de cada obra realizada pela empreiteira.
Segundo a reportagem, os ex-executivos Clóvis Peixoto Primo e Rogério Nora de Sá afirmaram que a construtora participou da elaboração do projeto e do edital da Arena da Amazônia, para vencer na corrida do processo de licitação da obra.
Clóvis Primo afirmou aos procuradores que a Andrade Gutierrez tinha preferência pela obra do estádio, por estar há muitos anos no Amazonas, conforme a reportagem. Ele revelou que havia uma combinação, que ocorreu durante os oito anos de governo de Eduardo Braga, de pagamento de propina de 10% sobre o valor de cada obra da empreiteira.
Rogério Nora de Sá, que também falou sobre o caso, calcula que Braga tenha recebido entre R$ 20 e R$ 30 milhões.
Segundo a matéria, Primo afirmou que chegou a se encontrar com o sucessor de Braga no governo, Omar Aziz, em Brasília. O delator afirmou ter tentando negociar redução da propina e disse que Aziz aceitou reduzir para 5% do valor das obras.
Já Roberto de Sá disse que encontrou Aziz em uma reunião, em São Paulo. Segundo ele, o então governador pediu propina de R$ 20 milhões à construtora, alegando que a empresa tinha grande volume de obras no Estado e que a verba seria usada para pagar despesas de campanha.
A matéria aponta que o total pago pela Andrade Gutierrez a Aziz somou cerca de R$ 18 milhões, segundo Sá, e teriam sido feitos pelo menos até setembro de 2011.
A Procuradoria-Geral da República ainda não pediu abertura de inquérito para investigar os dois senadores do Amazonas.

Em nota publicada no Facebook, Eduardo Braga afirma que a denúncia veiculada é “absurda”. “A minha defesa, infelizmente, só terá condições de se manifestar depois de ter acesso ao teor da denúncia”, explicou. “Esclareço que através de meu advogado, Dr. Aristides Junqueira, já solicitamos, formalmente, tanto ao STF (Supremo Tribunal Federal), quanto ao MPF (Ministério Público Federal), acesso às possíveis denúncias, mas nos foi negado”.
O senador Omar Aziz afirmou, em nota, que participou de várias reuniões com executivos da Andrade Gutierrez e que todas foram “ríspidas”. Aziz diz, ainda, que todas as doações para as campanhas que participou foram devidamente declaradas.
“A Andrade Gutierrez pressionou muito o Estado por aditivos ao valor da obra da Arena da Amazônia. Queriam elevar o preço para mais de 1 bilhão de reais. O governo do Estado seguiu rigorosamente o valor definido pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e a Arena da Amazônia foi a mais barata de todo o Brasil”, afirmou Aziz, na nota.
À Rede Globo, a Andrade Gutierrez afirmou que não irá comentar sobre a denúncia.
Citação
Em março, o ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez Otávio Azevedo revelou, segundo reportagem da revista Veja, em delação premiada no âmbito da operação Lava Jato, ter pago propina aos ex-governadores do Amazonas Omar Aziz e Eduardo Braga, para conseguir a obra de construção da  Arena da Amazônia, em Manaus.  

A obra foi licitada no governo de Braga e realizada e paga no governo de Omar. Os pagamentos, com os aditivos, que elevaram o valor de R$ 499,5 milhões para R$ 759,2 milhões foram realizados no governo de Omar, que entregou a obra em 2014, com um valor de R$ 259 milhões de diferença.

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