quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Vazante atípica do Rio Negro continua até o mês de março, afirma CPRM

Quatro metros abaixo da cota do ano passado, o Rio Negro continua vazando em 2016, em plena época de cheia. Com o nível oscilando desde o início de janeiro, a cota do rio fechou, esta quarta-feira (17), com vazante de quatro centímetros e, segundo o Serviço Geológico do Brasil, da Companhia de Recursos e Produção Mineral (CPRM) deve continuar até o mês de março.
A falta de chuvas é o principal motivo para que o Rio Negro tenha iniciado o processo de vazante atípico. De acordo com o superintendente do CPRM, Marco Antônio Oliveira, o fenômeno climático El Niño provoca a ausência das precipitações.
Segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Metereologia (Inmet), Gustavo Ribeiro, o Amazonas vem registrando índices abaixo da média climatológica há cinco meses.
Conforme Ribeiro, as chuvas deste mês também estão inferiores em todo o Estado. "As chuvas deste mês tiveram pouco efeito sobre o rio, porque a estiagem está grande desde setembro. Reflexo do El Niño que veio muito forte, similar ao ocorrido em 1997 e 98 e também em 1982 e 83", disse.
O fenômeno climático El Niño, de acordo com o meteorologista, dificulta a formação de nuvens, diminuindo as chuvas e aumentando as temperaturas do ar. A falta de chuvas é encontrada também na nascente do Rio Negro no Peru.
"Esse é o contexto toda a Amazônia Legal, desde o Peru, no Solimões, e do próprio Rio Amazonas. A situação mais crítica está na calha do Rio Negro, porque na ponta dos afluentes choveu bem abaixo da média e a estiagem continua", relatou.
O CPRM estima que o nível do rio comece a melhorar a partir de março. A previsão, de acordo com Ribeiro, é que para os próximos sete dias as chuvas também não alcancem a normalidade.
Segundo o órgão, o primeiro trimestre é conhecido pela cheia dos rios e o último pela vazante, sendo o segundo e terceiro trimestres dominados pelas oscilações, entre os picos da enchente ou da seca nos cursos d'água.
De acordo com Marco, o Amazonas possui uma particularidade em relação à nominação deste tipo de fenômeno. Segundo o CPRM, o 'repiquete' se caracteriza pelo período de subida em sequência em decorrência das chuvas nas nascentes, seguido de uma acelerada vazante do rio, mas no caso da região, as cabeceiras estão a mais de três mil quilômetros de distância e por isso duram mais que em outras regiões do país.

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