domingo, 8 de junho de 2014

A Dama da Intertextualidade

Marcelino Ribeiro

Passos milimetricamente cadenciados, pelo interior da faculdade, lá vai ela com seus livros ( imagino que sejam gramáticas), verdadeiros calhamaços, clássicos filológicos de Evanildo Bechara, Antônio Houaiss, dentre outros autores renomados. 

Sorriso franco, aberto, sem deixar transparecer incógnita a satisfação no ofício que lhe dá prazer: a arte de ensinar. 

Adentra à sala de aula. Senta-se, apresenta-se aos alunos de jornalismo, porquanto é o primeiro   mantém com a nova turma. Interpela a cada um, para que doravante, as aulas se tornem interativas, pois agindo desse modo a aprendizagem tornar-se-á mais democrática, abrindo um leque de opções entre aluno e professor. 

A fluidez das suas aulas, logo contagia o ambiente; todos interagem a sua maneira. A socialização é peça chave para que tudo se encaixe na medida perfeita. 

Álbuns de família são apresentados, discussões acaloradas, recheadas de afetividades, dão o tom inaugural de como serão às próximas aulas. Ela é preparadíssima. Veio ao plano físico para lecionar Lógica da Linguagem, matéria que requer certa insistência e preparo aqueles que desejem enfrentar o dia a dia, mesmo tendo consciência que outras disciplinas são relevantes para se chegar a um nível satisfatório, contudo a Língua Portuguesa é a que precisa de atenção redobrada, por se tratar da linguagem falada e escrita, ingredientes essenciais, que não podemos prescindir. No quesito profissionalismo e elegância, a turma não me deixa solitário. Na segunda hipótese ganhará o senso comum. Ela, a professora MSCV, tirará também nota dez.

_ Ela está chegando. Viste, nem repetiu ?
_ Repetiu o quê ?
_ Tu sabes; fala, fala, diz logo ...
_ Deixa-a passar que te falo, calma, não te precipites. 
_ Rapaz, não sei vocês haverão de convir, retrucou um dos rapazes, que durante o intervalo , também observava a professora MSCV . 
_ Aposto, darei a metade do meu salário se alguém vir a professora MSCV  repetir alguma indumentária, durante o tempo  em que ela vem dar aula aqui no Uninorte. Troco de nome, interrompeu outro acadêmico que ouvia a conversa. Nesse ínterim, enquanto a professora adentrava à sala para ministrar mais uma das suas predileções, ensinar, pulou uma moça vistosa, exuberante e bradou:

- Essa professora é muito abastada ou o marido dela é um grande afortunado, pois ninguém me falou, vejo quotidianamente, além  de ela não repetir nenhuma vestiária, ainda esnoba, com sapatos finos e excêntricos, pelos corredores da Laureate International Universitieis. Talvez tenha mais de 500 pares deles, ultrapassando, assim, o recorde da ex-primeira dama das Filipinas, Imelda Marcos, campeã nesse item, enquanto não conhecíamos a professora Maria do Socorro Viana.

Isso são coisas de universitários que não têm o que fazer, contra-argumentou um dos presentes, talvez, criticando a maneira de agir de pessoas que ficam a espreitar, ou até bisbilhotar, no intervalo das aulas à vida alheia, mas que pra que isso aconteça é necessário, ao mesmo tempo que tal personagem seja emblemática, e nisso a professora Maria do Socorro é  a métrica perfeita de comentários afetivos, pelo o seu deslumbre e bagagem profissional, híbrido que nos deixam orgulhosos de ser seus alunos. 

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