sábado, 19 de abril de 2014

PREJUÍZO DE EMPRESAS DE EIKE BATISTA ATINGE R$ 23,4 BILHÕES EM 2013

Valor é quase dez vezes maior que as perdas do ano retrasado; antiga OGX responde por mais de 70% do rombo

Por Márcio JULIBONI

Com a divulgação do balanço da OSX, nesta quinta-feira 17, já é possível ter uma dimensão mais precisa da derrocada do empresário Eike Batista, no ano passado. Em 2013, as empresas ainda controladas ou criadas por ele somaram um prejuízo de R$ 23,435 bilhões. O valor é quase dez vezes superior às perdas do ano retrasado: R$ 2,476 bilhões.

A conta considera o prejuízo líquido consolidado atribuído aos controladores de seis empresas listadas em bolsa: a petroleira OGX, atual Óleo e Gás Participações (OGPar); a companhia de serviços navais OSX; a mineradora MMX; todas ainda controladas por Eike. Também entraram na conta as companhias criadas pelo empresário, mas cujo controle já foi vendido: a Eneva (ex-MPX, focada em energia, assumida pela alemã E.ON em controle compartilhado com Eike), a Prumo (ex-LLX, de logística, hoje controlada pela americana AIG), e a CCX (cujos ativos de carvão na Colômbia foram vendidos para a empresa turca Yildirim).

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Eike Batista: as empresas que ainda controla ou que fundou enfrentam pesados prejuízos

 O perfil desse prejuízo também ajuda a contar a história da implosão do Grupo EBX. A OGX respondeu por 74% das perdas, ante 46% no ano retrasado. Os R$ 17,4 bilhões representam o maior prejuízo já sofrido por uma companhia brasileira. Até 2012, a petroleira era vista como a principal empresa de Eike, que a apresentava como uma “mini Petrobras”. Naquele ano, a companhia registrou um prejuízo de R$ 1,139 bilhão. O resultado foi apresentado pela diretoria da OGX como natural, já que a empresa ainda se encontrava em fase de investimentos, e, portanto, os desembolsos superariam as receitas.

Início do fim

Em meados de 2013, porém, a OGX foi o estopim da crise que varreu as empresas de Eike, ao reduzir as estimativas de produção do Campo de Tubarão Azul, sua principal aposta, de 20.000 para 5.000 barris diários. A notícia teve três efeitos concretos. O primeiro foi derrubar o valor de mercado da OGX. O segundo foi afugentar as linhas de crédito – algo crucial para uma companhia que ainda precisava investir bilhões para concluir seu plano de negócios. O terceiro foi contaminar as demais companhias de Eike, que também sofreram com o estrangulamento do crédito e com a desconfiança dos investidores.

Com o caixa queimando e sem acesso a fontes de capital, a OGX foi estrangulada até recorrer à recuperação judicial, no fim do ano passado. Semanas depois, a OSX, criada por Eike para construir e operar as plataformas de petróleo da OGX, também foi arrastada para a proteção da Lei de Falências.

Não é por acaso que a OSX apresentou o segundo maior prejuízo do Grupo EBX: R$ 2,311 bilhões. O que pesou nessa conta foi a necessidade de reconhecer as perdas com investimentos que não serão realizados e nem gerarão receitas (a chamada baixa contábil, ou impairment, no jargão em inglês). O motivo foi o cancelamento, pela OGX, de plataformas que havia encomendado para continuar sua campanha exploratória.

Descontando o prejuízo da OGX, o total de perdas das empresas ainda controladas ou fundadas por Eike, no ano passado, ficaria em R$ 6 bilhões – ou apenas 25% do total. Em 2012, descontada a perda com a petroleira, o prejuízo do grupo ficaria em R$ 1,3 bilhão, ou 54% do total daquele ano – o que mostra o quanto a OGX realmente pesou nas contas de Eike.

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