segunda-feira, 8 de abril de 2013

PONTO FINAL

Liége Farias é cronista literária

Crônica

Brígida foi criada sem referências paternas, sem afeto de pai e mãe, num colégio interno onde seu charme inato, cativava alunas e professores. Havia apenas um professor, jovem e lindo, num Colégio interno só para meninas. Os outros mestres, todas do sexo feminino. Certo dia, o Professor de Português, resolveu analisar o poema "As pombas", do poeta Raimundo Correia. Que loucura! As pombas Vai-se a primeira pomba despertada... Das pombas vão-se dos pombais, apenas... ...Mas aos pombais as pombas voltam... Brígida e as coleguinhas, todas adolescentes, aos risinhos, baixavam as cabeças e a situação, de fato, foi vexatória.

 Tantos poemas, tantas poesias, o professor gatinho foi logo estudar "As pombas"? É um belo poema, indiscutível, mas o ambiente não combinava com o tema em questão, foi uma explosão de hormônios femininos! Bibi, saiu do Internato aos 20 anos. Era tão ingênua que parecia acreditar em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa! E de quebra, quem sabe, no Homem Aranha! Assim que Brígida saiu do Colégio Interno, com apenas 20 aninhos, começou a namorar um belo rapaz - o Tom. Primeira paixão, alto e musculoso. Conheceram-se num curso de Inglês.

 Sentaram-se lado a lado, sentiram rolar um "frisson" entre eles. Passaram-se os anos e nada do casamento sair, Tom, ou melhor, Hamilton, cheio de promessas e 10 anos de namoro. De vez em quando, ela olhava aquele Grand Canyon adormecido a seu lado e amolecia...como é belo! Brígida, agora com 30 anos, meditava: "-Haverá paciência para construir amor dos escombros de uma paixão? Difícil!" Foi direta na jugular:"-Tom, casamento ou tudo terminado!" Tom falou suavemente:"-Amor, só no ano que vem, vou ter um aumento de salário!" 

Aquelas palavras funcionaram como um ferro de marcar gado, na mente da Bibi. O sangue correu quente nas veias da mulher e ao mesmo tempo, seus olhos encheram-se d'água. Disse apenas:"-Tudo acabado entre nós! Nessa gaiola não caibo, sou pássaro voador!" Saiu correndo e foi conversar com o mar. Confidente antigo! Na praia uma onda chocou-se contra os grãos de areia quente, acordando o entardecer, e o silêncio espatifou-se em mil pedaços, formando um mosaico de pequenos acontecimentos. Deu um leve sorriso e teve a certeza profunda:" Ponto final."

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