terça-feira, 19 de junho de 2012

MALUF TRATOU LULA COM REQUINTES DE CRUELDADE POLÍTICA

Merval Pereira, O Globo
Fazer com que Lula fosse visitá-lo em sua casa para selar publicamente o acordo político de apoio à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo é o ponto de destaque, com requintes de crueldade, dessa aliança, que de inusitada não tem nada, a não ser a marcha batida do PT para escancarar seu pragmatismo à medida que Lula se sente acima do bem e do mal, podendo fazer qualquer coisa para vencer eleições.
Em 2004, Maluf já apoiara Marta Suplicy no segundo turno contra Serra, mas naquela ocasião ele disse que o fazia sem ter tido contato nem com Lula nem com Marta, reafirmando suas divergências com o PT.
Desta vez foi diferente. Além de ganhar para um indicado seu uma secretaria do Ministério das Cidades, um Maluf radiante recebeu Lula e Haddad em sua casa, destacando o “sacrifício” que o ex-presidente fizera indo até lá, apesar das cautelas médicas devido à sua recuperação da cirurgia de câncer.
Pelo menos o conselho de evitar falar em público ajudou Lula a sair de cena sem ter que justificar tal aliança.
A senadora Marta Suplicy, que aceitara de bom grado o apoio envergonhado de Maluf em 2004, hoje, rejeitada por ser uma alternativa política “velha”, de acordo com Lula, diz que a aliança com Maluf é “pesadelo” maior do que a com o prefeito Gilberto Kassab, que ela também rejeitara.
O maior problema, porém, para a candidatura petista é a reação da candidata a vice Luiza Erundina, que de incomodada com o pragmatismo petista, mas engolindo a seco a aliança, passou a rejeitá-la publicamente, convencida de que ela não será apenas uma união política “para constar”, diante da pose de Lula carrancudo com Maluf sorridente, tendo o “rapaz esforçado” Fernando Haddad no centro.
O acordo político com Maluf conseguiu ofuscar a boa notícia que a nova pesquisa Datafolha trouxe para a campanha petista.

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