sábado, 26 de maio de 2012

SAUDADE DO POETINHA


Liége Farias é cronista literária
Estava eu, assoviando alegremente uma canção, quando uma fininha saudade adentrou meu coração. Entrou para machucar meu peito pois o poeta já não está entre nós. E, saudade, é um trocinho chato que mexe o coração da gente, é um bichinho que pinta e borda, maltrata a valer!
Refiro-me ao poeta Vinicius de Moraes. O grande parceiro de Tom Jobim e disse algo incrível: " E eu poderia suportar embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos."
Vinicius foi marcado por paixões fulminantes, nas quais mergulhava de corpo e alma. Nutria paixão imensa por poesia e música. Chegou a casar nove vezes. As paixões duravam, como diz seu verso, o tempo de a chama se apagar.
O compositor, malvisto pelo governo militar, foi expulso do serviço diplomático, depois de 26 anos de carreira.  Vinicius foi afastado por "conduta irregular", ou seja, era artista e bebia. No livro "Chega de Saudade", Ruy Castro diz que, ao receber a notícia, Vinicius chorou copiosamente, pois adorava o Itamaraty. Tempos duros, tempos sem perdão! Tempos sem ternura, que não voltem mais!
O poeta caiu na vida boemia, vida airada e compôs inesquecíveis versos e canções antológicas. Livre da Diplomacia, virou poeta! Vinicius mudou de cidade e de gestos. Mudou-se para a Bahia e nasceu assim a parceiria com o violonista Toquinho. Química perfeita! Foi sua fase de maior sucesso de público.
O poetinha morreu no Rio de janeiro em 1980. Segundo dizia Carlos Drummond de Andrade, " o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão."

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