sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

QUESTÃO SIMPLES

A situação do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, se complica mais e mais. Não consegue oferecer respostas satisfatórias para as indagações que a imprensa coloca a respeito de contratos de “consultoria” celebrados pela P-21.
É desmentido pelos donos da ETA, empresa pernambucana, que negam a existência de contrato e afirmam que a quantia declarada pelo ministro estaria fora das possibilidades dessa fabricante regional de guaraná. Seu sócio, visivelmente pressionado pelo prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, “pediu” demissão do cargo de confiança que exercia.
O prefeito, certamente, buscou blindar sua administração contra os efeitos que estão por vir, no bojo da nova trapalhada a envolver membro do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff.
E o sócio, para proteger o filho, que mantém contratos com a Prefeitura e para não jogar gasolina no incêndio que começa a envolver Pimentel, saiu de cena com ares de temor.
A questão para mim é bem simples: embora exibindo números mais “modestos”, as consultorias de Fernando Pimentel parecem mais com as de Antonio Palocci do que com os trabalhos legítimos e normais dessa área.
Comprovando-se o tráfico de influência, terá de ser demitido do governo, em que pese a notória e sincera estima que por ele nutre a presidente.
De todas as sete demissões ocorridas em menos de um ano de governo, seis das quais sob acusações de graves irregularidades, essa haveria de ser a mais dura, emocionalmente, para Dilma. Mas ninguém se iluda: do jeito que os fatos caminham, a posição do ministro se enfraquecerá mais e mais. Chegando ao ponto de não retorno, a queda se tornará inevitável.
A presidente, na verdade, não pretendia demitir nenhum dos seis ministros em apuros. Tentou segurar cada um deles. Só consumou as degolas, quando todas as situações eram, já, insustentáveis.
Com Pimentel não será diferente. Ou prova que não traficou influência, ou cairá.
Nas democracias é assim. Os chefes de governo nomeiam e podem, quando desejam, demitir. São, porém, obrigados a demitir, ainda que não queiram, quando o auxiliar protegido não se agüenta mais em pé.

Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado

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