quinta-feira, 10 de novembro de 2011

TEATRO DO ABSURDO

Política

O deputado estadual fluminense Marcelo Freixo (PSOL) teve de deixar o País como meio de chamar a atenção da imprensa e de órgãos de defesa dos direitos humanos internacionais, ameaçado de morte que está por milícias cariocas.
Percebeu que o governo estadual não mandava apurar suas denúncias a sério e que, permanecendo aqui, teria o mesmo destino da juíza Patrícia Acioly, assassinada por réu confesso que dificilmente pagará algum preço real pelo que fez.
Marcelo aceitou convite da ONG Anistia Internacional e, no início de novembro, embarcou para a Europa. Após os contatos que fez, acredita que já pode pensar em retornar, pois se o matassem agora o caso obteria forte repercussão internacional.
Isso, embora não lhe garanta a segurança, supostamente o deixa menos frágil diante dos inimigos de face oculta.
Executaram uma magistrada e agora ameaçam repetir o gesto com um parlamentar. É sinal de que as instituições brasileiras apodrecem. Os valores se invertem. O Estado só funciona para distribuir benesses para os “condôminos” albergados no poder. O Estado brasileiro se dilui.
Enquanto isso, e na contrapartida, o ministro Carlos Lupi, mais um flagranteado em grossas irregularidades, protesta a inocência protocolar de sempre e diz que só deixa a capitania quase hereditária do seu partido à “bala”.
Desafia a imprensa, desdenha da opinião pública e arranha a autoridade da presidente da República.
Afinal, deveria ser ela a nomear e demitir ministros. É que está tão enraizada a prática de os partidos da base “aliada” mandarem incondicionalmente nos seus “setores” de atuação que uma figura despreparada como Lupi acha que dá, a um tempo, para desviar recursos públicos e ainda posar de intocável para nós mortais.
Creio em algumas coisas: o deputado Marcelo Freixo, que teve atuação marcante numa CPI sobre as milícias, continuará levando vida tensa, com sua família dia e noite escoltada por seguranças; o assassino da juíza Patrícia Acioly deverá permanecer impune; o ministro Carlos Lupi cairá, será elogiado por Dilma e, depois, seu partido, o PDT, indicará o substituto. Seguindo exatamente o modelo da relação com o PC do B de Orlando Silva.
Outra previsão: Lupi não será demitido antes da aprovação da PEC da DRU (Desvinculação de Receitas da União), mas sua degola, agora ou mais tarde, é inevitável.
Vivemos o teatro do absurdo!

Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado

Nenhum comentário:

Postar um comentário