sábado, 29 de outubro de 2011

PORTEIRA FECHADA?

Política
A governabilidade exige coalisão, alianças partidárias. Questiono é a falta de legitimidade do esquema montado por Lula para governar e eleger sua sucessora.
Surgiu até a bizarra definição dos acordos: “porteira fechada”, isto significa entregar as pastas aos partidos da chamada base aliada, dando-lhes o direito de nomear do ministro ao menor dos cargos de confiança. Isso estimula a corrupção, até pela facilidade de trânsito que confere a pessoas da mesma grei, umas “confiando” plenamente nas outras.
Confundem dinheiro e cargo públicos, respectivamente, com boi e fazenda. O partido “agraciado” sente-se proprietário da capitania, quase hereditária, que lhe foi concedida pelo (a) monarca.
O correto seria a presidente pinçar nos partidos nomes de seu agrado. Nada de se submeter aos caprichos e às injunções de máquinas partidárias não raro mal intencionadas.
Em 10 meses de gestão, Dilma perdeu seis ministros, cinco dos quais acusados de graves irregularidades. Dois (Aloizio Mercadante e Ideli Salvati) balançaram sem cair e Mario Negromonte, das Cidades e Carlos Lupi, do Trabalho, dificilmente resistirão ao menor arremedo de reforma do gabinete. Sem contar Fernando Haddad, da Educação, que dá show de incompetência a cada Enem.
Nem perderei tempo com Orlando Silva, porque ele já era, de fato, ex-ministro desde a eclosão das pesadas denúncias. O esperneio de seu partido, o PC do B, visava mais a conservar a pasta dos Esportes sob seu controle do que a manter a posição de Orlando.
A situação do governador Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, é delicada. Tudo começou em sua passagem ministerial.
As evidências de que dinheiro público era usado para financiar campanhas eleitorais, coloca sob suspeição as campanhas, não apenas dos comunistas, mas também, direta ou indiretamente, de Lula (2006) e Dilma (2010).
O modelo de “governabilidade” desenhado e imposto pelo ex-presidente apodreceu. As instituições perderam densidade e respeito. A política se mediocrizou em níveis insustentáveis.
Dilma precisa repactuar com a Nação e domar os instintos do seu partido e das forças que lhe dão suporte congressual. O atual rumo das coisas sugere crise e instabilidade.

Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado

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