domingo, 9 de outubro de 2011

A GALINHA DE QUERMESSE!

Carlos Costa é jornalista
 e Assistente Social
Em toda quermesse que seja digna desse nome e que se preze, deve haver uma apetitosa galinha assada para o leilão da igreja.

E a majestosa galinha, com a banda de um ovo cozido cuidadosamente presa ao peito por um palito de dentes, a  farofa em todos os  lados da bandeja, entra garbosa e faceira no salão. O padre foi logo perguntando:
- Quem dá o primeiro lance por essa apetitosa galinha?

Tem sempre o apressadinho que responde: - “eu dou tanto....”

E o leiloeiro, digo o padre,  vai passando por entre as pessoas e anunciando, a todo e qualquer movimento: “mais tanto naquela mesa, mais tanto nessa mesa aqui...”. E prossegue o leilão.

Acontece que em uma dessas quermesses realizadas de acordo com cada paróquia, manifestações típicas de cada região, meu irmão Mário Alberto, já falecido, a cada vez que o padre perguntava quem “dá mais”, ele levanta o dedo para pedir mais cerveja. O Mário estava comemorando sua formatura em Veterinária,  que ocorreria dentro em breve. Mas o Mário Alberto não precisava de motivos para ser feliz!

- Já tenho tanto dado por aquele cavalheiro alí – dizia o padre e apontava para a mesa onde se encontrava meu irmão. O preço dos lances da galinha já estavam próximos a dois mil reais e prosseguindo...dois, dois e cem, dois e duzentos...e quando chegou ao valor de três mil reais, nenhuma das pessoas que estavam   no recinto , ofereceram mais nada!

O padre, como é de praxe nessas quermesses,  começou a dizer:”ninguém oferece mais do que três mil reais por essa apetitosa galinha?”  Silêncio total. Começou a contagem: - “Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três...”. O padre parou, pigarreou e perguntou mais uma vez antes de tomar sua decisão: “Quem dá mais, quem dá mais...”. Ninguém deu mais!

- Leiloada a galinha por três mil reais para aquele cavalheiro alí, e caminhou até a mesa  para entregar-lhe a “apetitosa galinha” ao que o Mário  reagiu:

- Não seu padre! Eu estava era pedindo mais cervejas. Não estava dando lances não, apenas coincidia de minha cerveja acabar bem na hora em que o senhor perguntava quem dava mais? Eu só levantava meu dado pedindo mais uma...

Meu irmão Mário, gozador ao extremo, brincalhão ao máximo, disse isso e saiu de fininho da quermesse e o bingo recomeçou do zero de novo!

Voltando para casa, bêbado, viu um jabuti  feliz da vida caminhando com seus passos lentos, na rua que dava acesso ao sítio da família. Confundiu-o com uma tartaruga, o Mário  tomou distância, correu e se jogou em cima do animal. Ficou todo relado no peito. Meu irmão, que morreu antes de se formar na primeira turma de veterinária das Universidades Nilton Lins, se estivesse sóbrio, saberia que o jabuti andava lento e nem ele precisava ter tomado qualquer distância!

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