quinta-feira, 27 de outubro de 2011

APOLOGIA AO TACACÁ


Liége Farias é cronista literária
Crônica

Aqui na Amazônia a gastronomia é bem exótica. E única! Na viagem que fiz dias atrás, peguei uma revista do avião e dei de cara com um texto bem interessante: uma verdadeira apologia ao nosso glorioso tacacá. Louca por textos enxutos, para compensar a falta de comida da aeronave, devorei o artigo como se fosse meu prato predileto.
O autor, intitula-se turista profissional, embora desconheça absolutamente esta profissão, mas a vida é assim; vivendo e aprendendo.
O título: "Saborosa dormência". Ricardo Freire refere-se ao jambu, aquela nossa conhecida erva que já não provoca a dormência de outrora, para ele, provocou uma dormência imensa. O tal rapaz descreve o tacacá como um caldo forte e azedo, com um gosto único e delicioso. E enfatiza assombrado; com camarão dentro.Compara a nossa iguaria com o clássico caldo tailandês, o tom yum koong, um caldo encontrado em qualquer lugar onde haja restaurante thai.
Encarar um tacacá pela primeira vez não é para qualquer um. O velho Nelson Rodrigues insistia em dizer que o homem só gosta daquilo que comeu quando criança e sou partidária dessa teoria Rodriguiana. Difícil alguém gostar de cara dessa gororoba amazõnida que é o tacacá, com aquela goma, aquele tucupi amarelinho, aquelas folhas de jambu e vários camarões boiando. E arrebentando a boca de quente. É. Só tem valor se for fervendo, bem quente e depois vem um suadouro pois o nosso clima é tropicalíssimo.
Tenho um amigo médico, nascido em berço de ouro que conta às gargalhadas, que um dia levou um colega de origem humilde , para saborear um prato típico chinês. Acompanhando a chiquérrima iguaria, serviam em duas tigelinhas um caldinho apenas para aromatizar e o amigo desorientado, ingeriu o aromatizante sem fazer cara feia. Mico de matar!
Voltando ao turista profissional, o tal homem chega a dizer que tomar um tacacá é ser teletransportado sem escalas para o universo da cultura indígena. Vá gostar de tacacá assim lá na Baixa da Égua! E termina o texto fazendo mil elogios a um sanduíche de pernil no bar do Armando, um sujinho da maior simpatia, segundo ele. Este careta, só faltou mesmo sair na banda da Bica, se fosse na época do carnaval, tenho convicção de que sairia na famosa banda como um ardoroso folião.

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