sábado, 30 de julho de 2011

MISTERIOSOS OLHOS AZUIS

Liége Farias
O ambiente era dentro de um bar, entre um chope e uns petiscos, o papo rolava pelo fim de tarde entre as quatro amigas. Velhas conhecidas de antigos carnavais que o tempo jamais conseguiu destruir. Conversa vai, conversa vem e a tardinha caindo...Muitos risos, afinal de contas viveram muitas coisas juntas e assunto tinha aos borbotões.Fluía como jatos de sangue de um golpe de navalha.Gargalhadas! Desentenderam-se algumas vezes, lembrando Gabriel Garcia Marquez: "Um único minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade." Gostoso ter gente para compartilhar momentos da vida, umas mais, outras menos.
De repente, entrou no boteco um homem aparentando quase quarenta anos, sentou-se perto das mulheres. Desacompanhado. Corpo atlético, sem um pingo de barriga, ombros largos, boa estatura e lindos olhos azuis de cair o queixo. Parecia uma miragem no deserto do Saara.Da cor do pecado! Caminho da perdição!
Uma delas, Vivi,viúva,mas uma mulher ainda bonita, cantava em prosa e verso já ser assexuada, de tanto ter quebrado a cara com os homens. Mas não estava morta e sentiu um arrepio na espinha quando viu o belo exemplar masculino sentar à mesa ao lado. Desabafou com as companheiras: Que homem lindo, acho que não sou mais assexuada, se rolar algum clima com esse aí vou tirar meu jejum. Espanto geral!O estrogênio dela estava a todo vapor por conta de uma reposição hormonal.
E, tomada de uma coragem que não sei de onde tirou, iniciou um ritual de sedução. Se ela podia? Podia, era jovem e belíssima. Mas, um mulherão daquele não conseguia se acertar com os homens, só tinha interesse por homens bonitos e jovens, a atração por machos belos era seu ponto fraco. E a atração era fatal.
As amigas continuaram conversando e ela fitando o lindão. Seduzir homens era fichinha pra ela, quando vinha a decepção passava um tempo se dizendo assexuada. Uma das amigas ainda arriscou: Menina, a gente veio pra este lugar pra beber e conversar, você já vai se meter em encrenca! Rebateu furiosa: Fala assim porque não sabe o que é uma solidão, tem um maridinho aos seus pés!
As amigas estavam ficando constrangidas com a situação embaraçosa. E o bonitão estava dando bola pra ela.Esqueci de dizer que era louro e o cabelo bem tratado. Da cor do pecado. Da cor da loucura. Da cor do diabo.
Quando Vivi tentou levantar-se em direção à mesa do objeto do desejo, viu aproximar-se um outro jovem também dotado de uma beleza invejável. Tudo mudou. Reviravolta no caso. Beijaram-se na boca. Viví arregalou os olhos. A fruta que ele gostava era outra, mulher não era a dele. Quem diria? Lágrimas brotaram dos olhos da Vivi e achou melhor continuar a ser uma mulher assexuada. Os misteriosos olhos azuis não passava de um gay. Que roubada!

Liége Farias é cronista literária

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